Ir: Eis a Questão #2

Olá novamente,

Então, no texto anterior mencionei quais são as razões que na minha opinião fazem a maioria pensar em deixar o Brasil e entrar nesse stress do processo de imigração, Achei interessante separar o que seria essa visão mais "generalizada"  e minhas razões pessoais.  E nesse novo post conto um pouquinho de como vim parar aqui.

Tenho 27 anos, sou solteiro e nasci em João Pessoa. nunca tinha pensado seriamente sobre a escolha da área de formação que seguiria, mas no último momento, aos 17 pra 18, decidi que me formaria em música. Já tinha estudado antes sem tanta seriedade, mas quando decidi que me tornaria músico profissional procurei um conservatório e comecei os estudos de piano e teoria. Sem entrar em maiores detalhes, algum tempo depois passei no vestibular da UFPB, e no decorrer do curso acabei direcionando meu interesse para performance em música de concerto e composição contemporânea. Em 2008 me formei bacharél em música com especialização num instrumento chamado Oboé (????)

Sendo assim, uma profissão absolutamente fora de qualquer lista de áreas de formação prioritárias que possa existir (exceto pelo programa de imigração da Austrália, mas enfim). Porém, a partir do momento em que me profissionalizei em música, aos 21 anos, comecei a simpatizar com a idéia de sair do Brasil, o país do samba, ouseria do sertanejo agora? Bom, não vem ao caso, o fato é que da música de concerto que não é.. Precisava juntar algum dinheiro e encontrar uma forma viável de realizar isso. Primeiro alvo: Europa.

Assim, após minha formatura parti para Uberaba-MG, aceitando uma proposta de trabalho como professor. E no mesmo ano, após não tão boa adaptação e mediante convite de partir, consegui ir para a Holanda estudar. Tinha planos de entrar para o mestrado do Conservatorium van Amsterdam.. Estava estudando holandês e reaprendendo todo o vocabulário técnico-musical, em inglês e holandês. Infelizmente (e injustamente) meu dossiê não foi aceito, fiquei bem chateado pois minha aplicação era muito boa, merecia PELO MENOS ter sido chamado para a etapa de provas. E a partir daí, desse insucesso, surgiu a idéia de ir para Montréal, o que agora é um projeto em tempo integral.
Devido à não aceitação da minha candidatura ao mestrado, depois de tanta despesa com tradução e estudos fiquei bem pra baixo, e graças ao meu grande amigo Fillipe que naquele momento tinha recém-voltado ao Brasil após estudos de francês em Montréal, fui apresentado ao programa de imigração do Québec. Acabei me convencendo de que essa poderia ser uma ótima opção, já que os relatos e fatos do quanto à Europa está "fechada" para nós passou a ficar mais evidente. Era Abril de 2010, e eu sabia que minha partida de lá ocorreria em breve. Mas, pra onde? 

Àquela altura, eu já tinha batido o martelo, o destino era mesmo ir para o Québec como imigrante permanente, e por mim já iria no mesmo dia, mas como sabemos existe a exigência de fluência no idioma francês, sobretudo aos não prioritários em formação, e aprender um novo idioma não se é do dia pra noite. Estavam em minhas mãos as opções: A) Voltar pro Brasil? não, ir aprender francês lá demoraria muito, seria caro, e pouco eficaz;  B) Uma proposta semelhante à da Holanda, mas em Copenhagen(interessante....); e C) Pouco depois uma proposta de emprego na França, em Paris.   Alguma dúvida sobre qual eu escolhi? Obviamente aceitei vir pra França e as razões são claras: Aprender o idioma rapidamente em 1 ano, ainda que com sotaque diferente, tentar juntar algum dinheiro e aplicar o quanto antes pro CSQ. Para algumas pessoas a primeira pergunta que surgiu foi: "Mas por que não ir estudar francês diretamente no Québec?"..bom, o total de custos desta opção, por si só, já é fator que impéde, se alguém quiser mais detalhes é só pedir nos comentários que eu respondo, mas acreditem: é MUITO dinheiro.. Sendo assim, vim para a França em Agosto de 2010 passar 1 ano, mas resolvi renovar por mais 1, ficarei até Agosto de 2012. É também quase automático as pessoas dizerem ou pensarem "que chique, tá em Paris" hehehe, mas no meu caso posso lhes afirmar que não tem nada de chique, to trabalhando pra caramba, e mesmo com tanto trabalho e sacrifício não dá pra bancar luxo algum, e até necessidades básicas, quando se vive aqui como estudante aprende-se a cortar supérfluos e dar mais valor à muita coisa.

E assim, aqui estou, na batalha.. Graças a Deus agora com fluência em francês, antes disso já avançado também em inglês (aprimorei e utilizei na Holanda a maior parte do tempo), o dinheiro não tá fácil juntar mas eu chego lá...agora estou no dilema se faço o processo via o escritório Québec de SP ou aqui no Bureau de Paris, mas isso é assunto para um outro post. Tô indo passar férias no Brasil em Agosto, e terei que pegar vários documentos que ficaram lá para poder organizar o pacote que será enviado para análise. Então, envio do dossiê acho que só em Dezembro de 2011 mesmo! Espero que tenham paciência de acompanhar por tanto tempo, heheh, a maioria das pessoas só começa a escrever quando já estão com tudo pronto, mas acho válido começar a trocarmos informações também nessa etapa prévia. Assim que passar essa fase inicial de apresentações e papo-furado irei começar efetivamente as postagens mais informativas, prometo.

E me dispeço como diria um amigo, Pedro: 

Abraço pra quem for de abraço, e beijo pra quem for de beijo

Jorge